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meio século de psicodelia e bossa nova

   LET US REFLECT, LET US THINK BACK; LET US GO ALL THE SMALL AND GREAT WAYS!   NIETZSCHE - WILL TO POWER

 

ciberzine & narrativas de james anhanguera

 

 

Psicodelia e bossa nova.

O que tem a ver coisa com coisa?

Muito mais do que se pensa.

O rock é a expressão da mesma era da bossa nova

que é a expressão da mesma era do rock

tanto que em 1965 Petula Clark cantou

So listen to the rhythm of the gentle bossa nova

que também se ouvia Downtown.

É de Normal Mailer a expressão White Negro.

O branco negro é o que faz o rock e o white negro

brasileiro o que faz a bossa.

  Vinícius de Moraes beat?

Isso mesmo.

O da Costa Oeste com suingue e o brasileiro

com bossa, que aliás bebeu parte essencial

do estilo no jazz da West Coast, Chet Baker,

Julie London, Les Paul, por aí.

Drum’n’bossa?

  Rock’n’bossa.   

     psicodelia  

      bossa nova 

        flashbacks      ou        nostalgia  e  sabão  líquido

       

Psicodelia e bossa nova. Não há eventualmente associação direta, até porque a turma incandescente da beat generation, sendo de NY, curtia mesmo be bop. Hard bop.

Fosse o que fosse humana ou politicamente Tom Jobim nunca foi careta. Fugia do discurso racional pela primeira vereda sintática e semântica que se lhe deparasse no enunciado. O universo era para ele um Triângulo das Bermudas, donde se surgia do incógnito para o nada - e ele que com a (sua) bossa nova se fez eterno. Arnaldo Jabor:

- Nunca estava onde queríamos. Só gostava dessas bobagens, que lhe evitavam conversas óbvias e cheias de "sentido". Ele não aguentava caretices e cotidianos.

Vinícius o hipster. Não só porque aparece no filme da filha, como foi descrito, bêbado e fumando baseado. Corações Futuristas.

Existencialista com razão. O homem afinal merencório, saturniano soturno de que falam biografias e até poemas e algumas canções, escondido pela chama fulgurante das solares obras-primas bossa-novistas ou menos candentes produções de circunstância da fase decadente com Toquinho.

White negro, até bem depois da Segunda Guerra Mundial só mesmo Ataulfo Alves tinha espaço na mídia; reis e rainhas do rádio eram brancos ou mestiços sem bronze. Tempo em que negro só entrava no Baiano pela porta da cozinha e Elizeth Cardoso era taxi-girl. Só em inícios dos 1960s é que Vinícius, o white negro que como eu amara Billie e Sara Vóun, começa a apregoar sua amizade com os santos Pixinguinha e Ciro Monteiro.

Mas a (primeira) pergunta é - mas o que tem a ver Petula Clark com psicodelia?

       brincadeirinha?

    a) associar Downtown a psicodelia

    b) associar Downtown a bossa nova

    c) associar psicodelia a bossa nova

a) psicodelia é pop, ambos devidamente caricaturados em 1966 na virulenta dose dupla Freak Out por Frank Zappa + Mothers of Invention. O british boom nos Estados Unidos dá-se no vácuo do fim da época de ouro das canções. É quando do sul chega a bossa nova e do outro lado do mar o Mayflower dos Beatles e The Hollies. De Herman Hermits a Manfred Mann o showboat da british invasion é pop. Hendrix, que também é pop ou não teria o sucesso que teve, tem de se deslocar a Londres para se fazer notar na pátria mãe nada gentil. Petula Clark destaca-se pelo vozeirão, Dusty Springfield, menos, pelo timbre quente ana salado de uma Astrud Gilberto psicotropical. Para cada Tom Jones uma Petula, que também vai de bolerão de Tony Hatch (This is My Song).

b) canção popular moderna com forma e conteúdo sofisticados, a bossa nova não se enquadra em estratégias de consumo em grande escala nem a nível internacional. Ajuda a preencher nos EUA a falta de novos standards da Broadway e Hollywood e é enfiada goela abaixo no velho mundo em disco e nos teclados eletrônicos como um ritmo pasteurizado, porque o pop europeu é de baixíssimo nível (salvas sejam exceções).

Bossa nova tornara-se uma possível next big trend, até Elvis já a menos de meia bomba teve de apelar em 1963 ao modismo de uma Bossa Nova Baby na base de se a onda virar e se não puder vencê-la melhor entubar nela. Em 1965, às vésperas do blow up, as antenas já estavam todas sintonizadas em Londres e San Francisco e de ambas qual era um dos sinais mais fortes emitidos? o do ritmo da suave bossa nova, a pausa refrescante (a Coca-Cola brasileira) para dançar colado assim-calado assim yesterday the girl from Ipanema goes walking entre duas danças pra agitar. Ainda assim segundo Júlio Medaglia:

- Na Europa a penetração da bossa nova teria de sofrer uma série de modificações para ser assimilada. Em primeiro lugar criou-se uma forma de dançá-la, liquidaram-se portanto todas as suas inflexões de detalhes e seu sentido de música de câmara rebuscada. Criou-se uma base rítmica ruidosa que mais se aproxima da rumba ou do baião, absolutamente quadrada.

Bom exemplo, não menos comercial mas mais aparentado a sua origem nas cordas sensíveis, Un Homme Une Femme de Francis Lai e Pierre Barrouh.

A bossa nova não é um produto cosmopolita mas se adequa a uma estética urbana contemporânea sendo a primeira expressão original de modernidade de um país que assim deixa de ser potencial fornecedor de "matéria-prima musical" tipo "macumba para turista" e passa a exportar "produtos acabados de sua indústria criativa" (Augusto de Campos).

Batida no tempo fraco, acordes cheios e dissonantes no original brasileiro, de cariz muito sofisticado - coisa para gringo branco com formação erudita e feeling cool -, ela passa a ser um dos “inocentes enganos da cultura pop americana, que tentou catalogá-la entre as danças da moda” (Caetano Veloso).

c) por Vinícius de Moraes, nosso white negro - o preto mais branco do Brasil. Mas a própria conjuntura descarta qualquer analogia. O fenômeno beat é o corolário de um processo de evolução social (o sonho trauma americano) exaurido. A abundância gerou a montanha de dejeto, o desrespeito pelo indivíduo, o falso bem-estar, que não é geral e tem gosto de plástico. Um Ginsberg com a visão nua e crua desse almoço frio:

- Vamos passear por entre automóveis azuis em calçadas, lar de nossa quieta cabana, sonhando com a América perdida do amor.

Um Supermercado da Califórnia. Super que o Brasil inda num tem. Vinícius engana a sede com canções do amor demais e sinfonias da alvorada de fé na nova capital do país do futuro. Elvis requebra a pelvis e a Amerika decai. O Brasil ainda sonha com um trauma liquefeito em ácido lisérgico na América de lá. Ginsberg uiva, Vinícius canta um Orfeu Negro na arcádia de uma possível civilização miscigenada do futuro. No país das casas da banha e do yage quando muito se cheira coca e éter, um ou outro é fissurado em morfina mas se está a léguas dos psicodelismos ianques, os dejetos quase pré-industriais, quase dava pra saber "quem matou o porco". E depois do feriado da alma o mergulho na realidade em que paradigma e estereótipo é a miséria das favelas e Nordeste.

Uma América perdida do amor não é a América perdida de amor, de susto de bala ou vício dos anos 1960. Ginsberg:

- Outra coisa foi a aproximação da poesia com a música e a reconciliação entre a cultura branca e negra: os brancos, no caso, reconhecendo e abençoando o valor e a riqueza da cultura negra.

Dado primordial é que não houve dois fenômenos culturais mais fortes nas últimas décadas, pop-rock psicodélico e bossa nova. NOSTALGIA? Longe disso. Psicodelia e bossa nova são a última novidade e patrimônio do futuro.

Mas que há lá em tantas vogais e consoantes e acordes "puros" ou dissonantes, na pessoa e na obra, toques consonantes. Lá isso há.

      Vinícius de Moraes:

        Se a tarde for loura abriremos a capota            

        Teus cabelos ao vento marcarão oitenta milhas

 

       NOSTALGIA?

  psicodelia  e bossa nova papo em permanente reelaboração como o som. Tem em Música do Brasil de Cabo a Rabo de montão. EmRumo à Estação Oriente, reproduzido em trechos acessíveis através de Música do Brasil, INÚTIL PAISAGEM (nomeadamente através de Antônio Carlos Jobim, em Índice Onomástico), e esse aí, de sua apresentação:

  Neste exato instante centenas de rádios, TVs e casas de shows - de um inferninho ao grand palais - no mais distante lugar de qualquer lugar do planeta estão tocando uma música de Tom Jobim.

Tom Jobim-Vinícius de Moraes e Tom Jobim-Newton Mendonça foram parcerias tão tocadas em rádios e bailes nos anos 60 como Lennon-McCartney. Rock e bossa nova eram as maiores novidades - the brand new thing, como se diz no original.

E sempre o são. Nunca se deixou de tocar Beatles e Tom, talvez o maior criador musical e um dos melhores letristas brasileiros.

Qual Cole Porter, Tom deu-nos meio século de empolgação primeiro com a bôwssa nowva, depois através da new bôwssa, agora através do drum’n’bôwssa.

 

O caroço do abacate sobre o assunto, e nomeadamente ponte Copacabana-Broadway via West Coast, White Negro e branco preto e Normal Mailer-Vinícius está saindo do forno do busu.  

 

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      NOSTALGIA?

      Piorá pra informá.

    Suporta-se o tranco, a cafonice, a indigência olhando-se para o potencial da Terra Vasta e fértil e da esperteza e do humor da massa (ainda heterogênea) na expectativa de que uma e outra impulsionem a mudança. Anos 70 e 80 afora mantêm a esperança, a queda dos muros de berlim de par com o revival das canções, modas e toques de vanguarda parecem confirmar que eppur a Terra si muove... Mas os anos 1990 ainda não mostraram a sua cara e até os anos 10 de 2000 o mundo ainda não se recompôs do choque do futuro do século XX e das tomadas que abriram todas as portas da percepção para a cibernáutica. Agora é só futuro.

    E dizer que tudo começou com Don´t Look Back e Woody Guthrie e Leadbelly iam ficar na poeira do vento. Olha-se para trás para manter a ilusão de que ainda possa vir a ter vida saudável e inteligente na Terra devastada, o presente caminho pedregoso e desolado sem trama. E que os fumos do vento ajudam a viver sem trauma.

    Tudo se demite pra não comprá briga na doce alienação. Estamos nelsa. O futuro uma utopia.  

   psicodelia  

     bossa nova 

       flashbacks      ou       nostalgia  e  sabão  líquido

 

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    De um dito popular: se como diz o título do famoso disco de Ornette Colemam Amanhã é a Questão, ontem é parte necessária da resposta.

    Desde que a era da reprodutibilidade técnica gerou o playback que nostalgia é palavrão associado em exclusivo a ondas de revivalismo lançadas pela indústria do entretenimento para revender produtos com prazo de validade supostamente vencido.

    Revivalismo seria então assim artimanha mercadológica aplicada desses a outros ramos de exploração do supérfluo como as indústrias da moda e dos cosméticos.

    Nostalgia tornou-se palavrão sobretudo no último terço do século XX, quando de O Grande Gatsby dos ruidosos anos 20 às canções dos Gershwin e Cole Porter, E o Vento Levou e Casablanca, do art nouveau aos toucados das marias escandalosas e as folias de Ziegfeld, do ragtime às big bands e das luas de papel do cinema mudo aos cabarés de Berlim no esplendor do nazismo e sagas de retirantes da grande depressão e filmes noir com durões de cara feia tipo Bogey e Edward G. Robinson, muitas sobras desde o tempo da reprodução a manivela foram postas no processador e reciclados. Na levada da onda deu até para dar uma refrescada saudosista na memória de infância dos mais jovens, filhos do baby boom, encurtando o elástico do rewind do Verão de 42 para os verões de american graffiti, sementes da violência e últimas sessões de cinema.

    De decadência em decadência - que era afinal do que tratava a maior parte dessa miscelânea das sempre ultraconturbadas décadas passadas - aquele flashback acabou por materializar o dado verdadeiramente meta físico da nova era: globalização e presente passado e futuro aqui e agora no mesmo instante e lugar.

    Pior, para os mais acérrimos adversários da indústria do flashback, é que desde então, do punk (índios sioux e brincos, lenços na cabeça e apliques de piratas dos filmes de Hollywood) à restauração do mapa europeu anterior à Revolução de Outubro e à Segunda Guerra, não houve nada de novo sob o sol e a vida parece um playback só. Até que muito legal. Parece que quem era vivo e jovem nos anos 1960 nunca cresceu. E as versões modernas dos grooves da época são invariavelmente muito mais caretas e menos impactantes que os originais, o que também dá a sensação de essa gente não ter envelhecido.

    Entre 1980-2010 revê-se e aprofunda-se o curto século XX que por conta da aceleração & novidades não deu nem para uma pausa de reflexão. O mundo se recompondo das permanentes revoluções por minuto nos meios de impressão e expressão, choque do futuro e das trombadas que abriram as portas da percepção para a era cósmica. John Ephland, Downbeat 1989:

    - Call it a pause that refreshes and not just nostalgia or a lost sense of direction; a pause that hopefully helps to provide a clearer sense of perspective and direction for the future.

     Gil Evans, reproduzido em Downbeat 1989:

     - Of course I like the old music best.

     Wynton Marsalis, id.:

     WM: The music was different in the '50s and '60s than it is now. Then you could play popular tunes in the jazz setting and make them sound hip.

      AJL: And now?

      WM: You can't do that now because all of the popular tunes are sad pieces of one-chord shit. Today's pop tunes are sad. The melodies are static, the chord changes are just the same senseless stuff repeated over and over again.

      Culpa da indústria do revivalismo ou recondicionamento do solo e dos ares que pisamos e respiramos, que das Demoiselles de Santos Dumont e Avignon à queda do muro em Berlim foi só convulsão e cataclismo, explosão, revolta, erosão, delapidação, usura.

      Contra a doença do revival criou-se o pathos da ânsia de futuro e novidade sem fim. Para afinal se concluir que mutatis mutandis enquanto the times they are (sempre) a changin', quando o corte no filme da história é realmente incisivo sempre é preciso uma Gloriosa ou uma Francesa, nem que seja uma Guerra dos Cem Anos, para demolir a velha era e impor a nova desordem.

      Há 20 anos, quando se remasterizou tudo, lá se revivalizou também os anos 1960 e... até os 70! E depois os 80... E agora - quê?

      Se o passado não é o que passou mas o que fica do que passa, ao contrário do que se pensa e diz os 1960 não é só passado e poderão ter sido apenas o alvorecer da nova Gloriosa ou Francesa ou Guerra dos Cem Anos, instaurando - nem que seja só para contrariar - a frente antiusura indispensável no confronto para o estabelecimento das regras do jogo da nova desordem.

      O poder do amor, da mente e dos espíritos para o bem insistindo em defrontar o da matéria biodegradante.

    Essas prerrogativas permanecem na frente de luta contra os partidários da manutenção do status quo até ver o fundo do tacho se houver condições para isso. O neoconservadorismo - vã guarda dos trusts -  combate a "nostalgia" ou o "revivalismo" dos anos 60 como um dragão da maldade, o grande inimigo a vencer, vindo deles o último foco de inspiração contra o sistema da gastança desenfreada de gente e outros recursos naturais. Zé Celso Martinez Correa, 1995, sobre montagem de As Bacantes de Eurípedes pelo Oficina Uzina Ozona:

      - Ela é profundamente anos 60, porque os anos 60 foram uma década de grande poder das coisas ao vivo, de grande poder da cultura. Aliás, "anos 60" é um dos maiores preconceitos que se criaram, exatamente para poder eliminar o lado dionisíaco da cultura. Os anos 70 e 80 criaram no mundo toda essa maldição. Mas eu acho que é profundamente anos 60 o presente. Há um ciúme cultural muito grande dessa época, que é igual a 22, que é igual aos anos 20, é igual ao Renascimento, é igual ao período grego.

      Uzina Ozona. A década de 1960 - que apesar das aparências como se sabe não foi nenhum mar de rosas - estabelece as prerrogativas globais e atemporais da existência harmônica (em escala diatônica diacrônica, cromática, penta, hexa, hepta, octo ou nonatônica) e nesse sentido ainda nem começou.

      Quedas de muros e revivals. Eppur si muove...

      E o que importa se a mula manca, que "ao longo dos anos 80 e 90 a cultura de massas acabou dragando e assimilando os outros dois níveis (cultura oficial e contracultura), amalgamando-os no circuito da mercadoria"?

      O sonho. Passado. Erro não será sim tentar a todo custo enterrá-lo porque o que se traz ao recordá-lo é "o veneno das coisas vividas, experimentadas, encerradas, que não podem ser mudadas, que estão definitivamente lá no passado e já não mais aqui no presente, porque a pessoa que eu fui, a pessoa que nós fomos e o mundo que nós experimentamos não existe mais"?

      Ora, direis, contracultura, uma moda fugaz e ilusória.

      Ora, diremos.

     O que há em uma palavra? O que é uma etiqueta? Contra cultura nova cultura em sentido vasto ao longo e ao largo da História. Contra cultura e instituição que se chocam com o princípio do prazer. Ou da fruição. O sistema musical do teclado bem temperado não é natural - e é contra natura, mas faz bem. Contracultura nova cultura ou cultura contra a usura da natureza humana.

      O mouse ótico ou o finger touch assestado no futuro. Ou como disse em samba Paulinho da Viola no Brasil em 1975, sem preconceito ou mania de passado, sem querer ficar do lado de quem não quer navegar (Argumento) depois de ter cantado em 1972 (Dança da Solidão): meu pai sempre me dizia, meu filho tome cuidado, quando eu penso no futuro não esqueço o meu passado. Disse Caetano Veloso em entrevista a Augusto de Campos em 1966: A minha inspiração não quer viver apenas da nostalgia dos tempos e lugares, ao contrário, quer incorporar essa saudade num projeto de futuro. Como escreveu alguém, a revisitação dos anos (19)60 resgata questionamentos e reflexões acerca do estatuto da arte e suas condições de produção nos planos cultural, institucional e político. E disse David Bowie em 1993: e esse espírito libertário e de invenção se tornou muito atraente para as gerações atuais, que vivem numa sociedade mais repressiva.

    "A N T I G A M E N T E"

   Era uma maneira de dizer. Muitas estórias começavam assim: Antigamente... E o distinto já reparou que hoje muitos mais velhos já nem usam o termo. Quanto mais começar uma estória pelo "antigamente". Talvez porque esse antigamente dos avós (ou pais pra lá de temporões) de hoje se refira a uma era que inda num tem telefones móveis ou celulares e ipods, mp3 e 4 e tempo afora mas em que o homem põe os pés na Lua e começa a ver o mundo entrando vivo! pela Tela de Tevê e se sente sim finalmente em modus hodiernus ou mudernos. Para muita gente é termo sem a mesma propriedade do antigamente de com quem se usava o termo já bem pra lá de meados do século passado - um "antigamente" quase que de bondes puxados por burros e lampiões a gás - e crescia em era já muito tecno e audiotelevisiva&eletrotáctil, ou vice-versa, e porventura em muitos aspectos mais desbravadora que a contemporânea. Justamente com o a madure cimento dos meios audiovisuais brota uma primeira síntese alargada de todas as eras e a g-l-o-b-a-l-i-z-a-ç-ã-o, que permite uma muito melhor v-i-s-u-a-l-i-z-a-ç-ã-o da biodiversidade do planeta. E dela a visão plural, despreconceituosa, da vida, que é a que até hoje é defrontada pela - e está na trincheira em oposição à - monocromática, temática e teísta de que são feitos os podres poderes que nos regem de Leste a Oeste depois de um, dois mil anos de expansão europeia. Antigamente nunca seria assim portanto flashbackismo, passadismo, revivalismo, saudosismo ou nostalgismo mas ontem, tempus fugit, modus hodiernus. A mesma era de sintesis a cada instante mais nanochipadas. Antessala de amanhã. 

     De resto           

              Não se perfilha aqui nenhuma religião

               Nem psicoexistencial nem psicoecobiológica

Varou-se o último meio século otimista mas cético

  Do tipo o pessimismo da inteligência

        e o otimismo da vontade

     O princípio básico é nunca se levar

      e levar nada TÃO a sério

    e desviar de tudo

 o que é sisudo

   e da sisudez

     

   Na base do brinque de ser sério e leve a sério a brincadeira

 como disse Rita Lee Jones

   

O linguão para a cultura contra natura 

Adão e Eva vestiam só uma folha de parra.

Só?

Fossem mesmo Adão e Eva não vestiam nada.

    Só uma vaga idéia na cabeça, idéias Animais, como a de colher 

    frutos e depois da comida deleitar-se com a maçã de Adão e a

    erva de Eva.

Adão e Erva. Ervas daninhas no jardim das delícias ou Cinema

Éden. Bichos selvagens, Buck de regresso à tundra, de corpo e

alma natural, ancestral.

Certa vez em Paris Sorrizo (saxofone), Dusty (piano), Buru

 (percussões e voz) e Alfredo Nascimento (voz e violão)

 formaram o grupo Saci, cujo lema era – O saci tinha duas

 pernas. Veio a cultura e cortou uma.

Ecco.

Adão e Eva eram selvagens. Veio a cultura judaico-cristã e

vestiu-os com parras de videira. O Saci tinha duas pernas e a

cultura do degredo na escravidão cortou uma. O índio era nu. A

colonização ocidental vestiu-o com camiseta, short e

havaianas.

A cultura destruída pela cultura contra natura.

             

sobre   meio século de psicodelia veja excertos da história em detalhes em Aldous Huxley Na Fome No Mundo e os Canibais, com trechos do apêndice Rumo às ilhas da utopia - Da Teoria à Prática ou Vice-Versa de   sobre   meio século de psicodelia veja também DE WOODSTOCK AO MacROCK e acesse a íntegra de 50 anos de  Flower Power A doce rebelião dos jovens no verão do amor uma condensação do apêndice Rumo às ilhas da Utopia – Da Teoria à Prática ou Vice-Versa  de      a partir  DAQUI  electric ladyland 50 anos do último disco da trilogia básica de jimi hendrix sobre meio século de bossa nova   veja meio século de canções do amor demais

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              Música do Brasil de Cabo a Rabo

         veja e leia também em revoluciomnibus.com



Música  do Brasil de Cabo a Rabo é um livro com a súmula de 40 anos de estudos de James Anhanguera no Brasil e na América do Sul, Europa e África. Mas é também um projeto multimídia baseado na montagem de um banco de dados com links para múltiplos domínios com o melhor conteúdo sobre o tema e bossas mais novas e afins. Aguarde. E de quebra informe-se sobre o conteúdo e leia trechos do livro Música do Brasil de Cabo a Rabo, compilado a partir do banco de dados de James Anhanguera.

MÚSICA DO BRASIL DE CABO A  RABO

Você já deve ter visto, lido ou ouvido falar de muita história da música brasileira da capo  a coda, mas nunca viu, leu ou ouviu falar de uma como esta. Todas as histórias limitam-se à matéria e ao universo musical estrito em que se originam, quando se sabe que música se origina e fala de tudo. Por que não falar de tudo o que a influenciade que ela fala sobretudo quando a música  popular brasileira tem sido quase sempre um dos melhores veículos de informação no  Brasil? Sem se limitar a dicas sobre formas musicais, biografia dos criadores  e títulos de   maior destaque. Revolvendo todo o terreno em que germinou, o seu mundo e o mundo do  seu tempo, a cada tempo, como fenômeno que ultrapassa - e como - o fato musical em si. 

Destacando sua moldura
      
nessa janela sozinho olhar a cidade me acalma

dando-lhe enquadramento
           
estrela vulgar a vagar, rio e também posso chorar

... histórico, social, cultural e pessoal.
  Esta é também a história de um aprendizado e vivência pessoal.

De um trabalho que começou há mais de meio século por mera paixão infanto-juvenil, tornou- se matéria de estudo
e reflexão quando no exterior, qual Gonçalves Dias, o assunto era um meio de estar perto e conhecer melhor a própria
terra distante e por isso até mais
atraente. E que como começou continuou focado em cada detalhe por paixão.
                                                                               
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CORAÇÕES FUTURISTAS nunc et semper AQUI


MÚSICA DO BRASIL  DE  CABO A RABO
MÚSICA DO BRASIL
 
DE  CABO A RABO

                                                   ÍNDICE DOS CAPÍTULOS 
capítulos, seções de capítulos com trechos acessíveis a partir dos títulos, em azul DeLink


     O LIVRO DA SELVA

    Productos Tropicaes E Abertura em Tom Menor

    1. O BRASIL COLONIZADO
        raízes & influências Colônia e Império
 
  

       1. A  Um Índio   1. B Pai Grande    1.C  Um Fado 

       2. TUPY NOT TUPY formação de ritmos e estilos urbanos suburbanos e rurais
                                                Rio sec. 19-sec. 20 - Das senzalas às escolas de samba

    Os Cantores Do Rádio   ESTreLa SoBE 

  CARMEN MIRANDA DE CABO A RABO

  fenômeno da cultura de massa do século XX                  

  4. BOSSA NOVA do Brasil ao mundo

    Antonio-Carlos-Jobim-Tom-Jobim .html 

5. BOSSA MAIS NOVA o Brasil no mundo  

6. TROPICALIA TRIPS CÁLIDOS    e a manhã tropical se inicia


Detalhe de cenário de Rubens Gershman para montagem de Roda Viva, Teatro Oficina, 1967

 O LIVRO DE PEDRA

  PARA LENNON & McCARTNEY 
  VIDA DE ARTISTA crise e preconceito = inguinorãça

  CAETANO VELOSO

  CENSURA: não tem discussão. Não            
 
POE SIA E MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
 
Milton Nascimento
 
O SOM É MINAS: OS MIL TONS DO PLANETA    
  MARIA TRÊS FILHOS

  (SEMPRE) NOVOS BAIANOS        
  NORDESTONTEM NORDESTHOJE

 
RIO &TAMBÉM POSSO CHORAR  
      Gal Costa Jards Macalé Waly Sailormoon Torquato Neto  Lanny Maria Bethânia
  FILHOS DE HEITOR VILLA-LOBOS
 
INSTRUMENTISTAS & INSTRUMENTAL Sax Terror     
  SAMBA(S)
BLEQUE RIO UM OUTRO SAMBA DE BREQUE        
  FEMININA

  MULHERES & HOMENS NO EXÍLIO o bêbado exilado & a liberdade equilibrista

  ANGOLA          
  ROCK MADE IN BRAZIL ou
 Quando a rapeize solta a franga

  LIRA PAULISTANA            
  CULTURA DA BROA DE MILHO

  LAMBADA  BREGANEJO AXÉ E SAMBAGODE
 
RIO FUNK HIP SAMPA HOP E DÁ-LE MANGUE BITE RAPEMBOLADA
  DRUM’N’BOWSSA            
  CHORO SEMPRE CHORO     
  INSTRUMENTISTAS
 & INSTRUMENTAL II   SAX TERROR  NA NOVA ERA
  ECOS E REVERBERAÇÕES DO SÉCULO DAS CANÇÕES
  
  DE PELO TELEFONE A PELA INTERNET

   MÚSICA DO BRASIL em  A triste e bela saga dos brasilianos
  
MÚSICA DO BRASIL  em ERA UMA VEZ A REVOLUÇÃO      

                  

                                                                                                    Elifas Andreato: capa do LP Confusão Urbana Suburbana e Rural de Paulo Moura

  

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Carolina Pires da Silva e James Anhanguera

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